Cora Primavera

Espetáculo rito-manifesto

ESPETÁCULOS

10/6/201814 min read

o processo

após Antropofrei, em 2017 o grupo passou por uma crise y uma reavaliação de caminhos. nesse período foi onde ocorreu a primeira mudança na formação do tyaso da companhia: dos 21 integrantes de Antropofrei, ficamos em 5: Careaux Calsone, Juliana Gotz, Rafael Abrahão, Rafael Pinto y Vitor Marques. junto da crise, houve a oportunidade de aprofundarmos nossos saberes y nossa relação. além do bem y do mal, uma crise forma y fortalece um grupo. também nesse período de vibração criadora, nosso diretor Rafael Abrahão realizou a pesquisa Oswald Devorado: como e porquê antropofagia a partir de História e Estética em Oswald de Andrade, orientado por Carminda Mendes André pelo Instituto de Artes da UNESP. a partir do aprofundamento na antropofagia y dos saberes práticos pesquisados pela Companhia Rafael reescreve a Antropofrei dando origem à dramaturgia de Cora Primavera, nosso primeiro rito-manifesto.

com o texto pronto, nos reunimos para entendermos como o grupo continuaria. Rafael queria pelo menos 16 atuadores para dar vida ao rito de Cora. Juliana, diretora musical ficou responsável por montar a orquestra. foram realizadas mais de 70 leituras para a seleção de 50 pessoas- entre músicos, atores, contrarregras, equipe de direção, produção y comunicação, arquitetos, figurinista, maquiadora, artistas gráficos y técnicos. em novembro de 2017 realizamos uma oficina cênica com os pré-selecionados para sentirmos o fluxo do grupo que estava em renovação y formação.

com tudo preparado para começarmos a etapa de montagem com todo o grupo, no dia 24 de fevereiro de 2018 iniciamos o processo de criação que teve no total 36 encontros, dividido em três partes:

formação do grupo y estudo de mesa do texto dramático- fevereiro y março.

esta etapa refe-se ao estudo aprofundado da dramaturgia. leituras vivas, debates, mergulhos, símbolos y o que mais couber em nosso banquete que tem como intuito fomentar y preparar a mente y o corpo para as próximas etapas. por serem encontros de mesa, o grupo optou por realizar esta etapa no Instituto de Artes da UNESP.

investigações y criações cênicas que fomentem o repertório comum y aproximem os atuadores de Cora Primavera e seu imaginário- de março a maio

neste momento realizamos ensaios criativos. com etudes - dentro de cada cena y relação entre personagens y personas - y com oficinas, como a Oficina de Frevo ministrada por Silvana de Jesus. esta etapa ocorria de forma espacialmente híbrida, variando entre as salas de ensaio do Instituto de Artes da UNESP y a área externa de seu entorno

montagem do espetáculo em si - de junho a setembro

com tudo experimentado, aquecido y direcionado foi possível iniciar a montagem do espetáculo em si y tudo o que o envolve: cena, música, cenário, figurino, sonorização, firmezas de parcerias, entre outras necessidades. é o momento de ir pra rua y colocar a criação no espaço urbano. para esta etapa foram escolhidas as praças Horacio Sabino y Dos Arcos (Marechal Cordeiro de Farias). durante os ensaios percebemos que o fluxo criador fluía livremente na Praça dos Arcos, fazendo com que a escolhêssemos como o palco oficial do espetáculo, que estava com a estreia planejada para outubro do mesmo ano.

Aquece o coração de Deméter
Sua semente retorna à Terra
A Terra semeia sua gente
Cria raíz y liberta a mente
Na escuridão
O sol raiou
Anunciamos a primavera voltou

Dionyso deus do prazer
Filho de sêmele e de zeus
Traz o vinho y o teatro
Que toda a dor nós vamos esquecer
Na escuridão
O sol raiou
Anunciamos a primavera voltou

Dos amores de deméter
Nasce uma nova flor
Alegra o mundo afora
Cora primavera
Deusa poeta
Liberta o corpo
A esperança se renova
Anunciamos a primavera voltou

Salve primavera
Que colore a terra
Depois da morte invernal
Ressuscita mortal imortal

Cora Primavera aborda a LGBTfobia, representatividade trans y as bases do Patriarcado através da linguagem y estética antropofágica de Oswald de Andrade. em um rito de consagração à Primavera a Companhia aproxima a representatividade trans com o mito grego das estações - o mito de Cora / Perséfone, personagem interpretada por Renata Bastos, Nathiaga Borges y Sofie Dijor. para contrapor a cultura grega e dialogar com o espaço urbano a personagem Frei Caneca entra em cena a partir da antropofagia entre a figura histórica do frei carmelita pernambucano com a R. Frei Caneca, ícone da cultura LGBT na cidade de São Paulo. outras personagens habitam a dramaturgia corroborando tanto com o discurso libertário y revolucionário quanto com o discurso patriarcal moralista-religioso.

frente a todo contexto sóciopolítico o espetáculo rito-manifesto Cora Primavera vem de forma totalmente gratuita para uma verdadeira primavera urbana que expanda das flores da estação para o florescimento de uma sociedade diferente, que assimile a pluralidade existente de corpos, raças, gêneros, sexualidades y religiões, uma sociedade que permita a coexistência.

este rito-manifesto é guiado primordialmente por uma banda de 20 músicos, que trazem canções autorais y resgatam canções da cultura popular de diferentes regiões do brasil (maracatu, samba, ijexa funk, frevo, afoxé, ciranda, MPB, gospel y axé) construindo uma "colcha de retalhos" que também devora das influências internacionais (jazz, rock, pop, blues, reggae y marcha).

nesta montagem, a Companhia assume a Antropofagia proposta por Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade como uma visão de mundo, ou como Oswald chamava: Weltanshauung (termo proposto por Nietzsche). Augusto de Campos afirma que a Antropofagia é a filosofia original brasileira. o espetáculo tem caráter musical contendo 13 canções cantadas pelo coro.

sinopse

da Grécia ao Pindorama. do Pindorama a SamPã. a Santa Cia. convoca a deusa Primavera em seu espetáculo rito-manifesto Cora Primavera. das realidades visíveis y invisíveis a ocupação artística teatral torna evidente conflitos entre tempos, gerações y gêneros. aquecemos sem alarde a fome de liberdade misturando em um caldeirão deuses helênicos, pastores y Frei Caneca- enquanto personagem histórico y espaço urbano. comendo a rua que carrega o nome do frei carmelita, digerimos em um banquete público o sagrado y o profano, o tabu y o totem, o corpo y a representatividade manifestando a vida como possibilidade.

HISTÓRICO

2018

PRAÇA MARECHAL CORDEIRO DE FARIAS- PRAÇA DOS ARCOS
de 06 d'outubro à 01 de dezembro- sábados às 16h30
y 02 de dezembro- domingo

temporada de estreia do espetáculo que ocorreu na Av. Paulista aos sábados de 2018.

ESCOLA DA CIDADE
04 de dezembro- terça feira às 20h

Cora Primavera foi o fio norteador da pesquisa de conclusão de curso da arquiteta Láis Damato em sua formação na Escola da Cidade.
No dia de sua defesa de tese fomos convidados para realizarmos uma apresentação do espetáculo na Escola.
Realizamos o prólogo da peça na R. General Jardim y depois entramos para o prédio.

2019

PRAÇA MARECHAL CORDEIRO DE FARIAS - PRAÇA DOS ARCOS
de 03 à 23 de fevereiro- sábados às 16h
de 16 à 30 de março- sábados às 16h

segunda temporada do espetáculo na Av. Paulista

ETU- Encontro de Teatro Universitário
presentação no Teatro Reynuncio Lima- Teatro de Cênicas do Instituto de Artes da Unesp
24 de março- domingo às 15h

participação no Encontro de Teatro Universitário
apresentação em espaço fechado

FRINGE- Festival d Curitiba
Calçadão da R. XV- 04 de abril, quinta às 13h
Praça Santos Andrade- 05 de abril, sexta às 14h
Praça General Osório- 06 de abril, sábado às 12h
Praça Tiradentes- 07 de abril, domingo às 16h30

graças as nossas apresentações anteriores y à campanha de financiamento coletivo que fizemos, conseguimos levar Cora Primavera para semear em Curitiba.

VIGÍLIA DO LULA
acampamento em frente à Polícia Federal de Curtiba

convite de Marina Piotto, ativista y militante, aproveitamos que estávamos em Curitiba y no domingo, dia 07 de abril, realizamos o primeiro show de Cora Primavera na Vigília Lula Livre, em frente à Polícia Federal de Curitiba onde o ex-presidente estava preso. nesta data estava o marco de 01 ano de sua prisão

ESQUENTA FESTIVAL LULA LIVRE
no dia 28 de maio, no Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, abrimos o Esquenta do Festival Lula Livre na presença de Preta Ferreira, Bruno Ramos, Fernando Haddad, Erica Malunguinho, Sérgio Mamberti, Paschoal da Conceição, Leona Johvs, entre outras artistas y figuras importantes que aqueceram para o Festival.

TEATRO DE CONTEINER
de 01 à 29 de julho- sábados as 16h

ESCOLA NACIONAL FLORESTAN FERNANDES - MST
participação no curso de formação LGBT no dia 19 de outubro

(DOC)CORA

primeiro documentário produzido pela Santa Companhia em conjunto com Paula Ferreira da Batuq Produções. o documentário é focado na trajetória do espetáculo rito-manifesto Cora Primavera enfatizando sua jornada na jornada de Curitiba, como participantes do festival FRINGE y também da Vigília #LULALIVRE que ocorreu no dia 7 de abril de 2019- um ano da prisão política de Lula

estreado na Associação Cecília em outubro de 2019

Ficha Técnica

direção e dramaturgia: Rafael Abrahão
direção musical: Claudio Mascaro y Juliana Gotz
preparação vocal: Luíza Abe
assistência de direção: Rafael Pinheiro (pinto)
direção de cena: Theo Moraes
atuadores: Afonso Alves Costa, Amanda Chaptiska, Amanda Rocco, Ana Carolina de Medeiros, Ana Claudia Castro, Anna Merici, Arthur de Oliveira Santos, Caio Megiato, Camila Spinola, Careaux Calsone, Davi Puga, Demétrio Abrahão, Fernando Vitor, Gi Bordosa (Giovana Rosa), Giovanna Paiva (gipa), Irene Catunda, José Pontes, Malaika Cipriano, Nathiaga Borges, Pedro Coêntro, Rafael Pinheiro (pinto), Renata Bastos, Sofia Riccardi, Vitor Marques y Vivian Parisi
banda: Alvaro Cotarelli - Viola de Arco, Alex Lino- baixo, Caio Righi- flauta, Chico Aires- percussão, Claudio Mascaro- violão, Debora Predella- Violino, David Misiuk - trompa, Deivide Bubone- trombone, Fabia Fusco- Clarinete, Fernando Maynart - Percussão, Francys Silva- trombone, Gabriele Oliveira - trompete, Gabriely Benedito- piano, Larissa Eva - trompete, Larissa Oliveira - trompete, Henrique Khede - Batria, Marcos Marques- bateria, Mario Capoeira - Bateria, Natalia Lima- percussão, Rafael Abrahão- trompete, Rafael Castelhano- percussão, Rafael Mansor- saxofone, Renato Ihu- percussão, Vinícius Brazil - percussão, Vitória Ramoska- clarinete
musa vocal: Luíza Abe
musa regente: Juliana Gotz
arte gráfica evento: Vitor Marques
arte do programa: Lais Damato
edição de vídeo: Pedro Coêntro
fotografia: Fellipe oliveira
figurino: Careaux Calsone, Giovanna Paiva (Gipa) y Saia sem Gênero
costura: Benedita Calistro y Saia Sem Gênero
maquiagem: Gi Bordosa
arquitetura cênica: Alexandre kok Martins, Flora Atilano, Laís Damato, Lara Girardi Caitano y Victoria Liz Cohen
cenotécnico: Bruno Moretiene, Luís Carlos (unesp)
contrarregragem: Mayara Durães
técnico de som: Anna Beatriz Ribeiro y João Candau
produção: Giovanna Paiva, Luíza Abe, Juliana gotz, Laís Damato, Pedro Convento, Rafael Abrahão, Rafael Pinheiro (pinto)
comunicação: Amanda Amaral, Demétrio Abrahão y Vitor Marques
assessoria jurídica: Bruno Panhoca
assessoria econômica: Francisco Nogueira
parcerias: Small World, Atelie Labriola, Atelier Travessia, Frutaria Paulista, Vendinha das Gerais, Studio M6, Cachaça Tiê, Batuq Produções, Unesp, Tem que Ter Festa, Saia Sem Gênero, Bar da Dona Nilza, Dim Dim Bar e restaurante, DiBoa Tabacaria
agradecimentos especiais: Agnus Valente, Alexandra Chaptiska, Carminda Mendes André, Geraldo Labriola, Joejoe, Margot Labriola, Priscilla Abrahão, Raul Moraes, Simone Chemmés, Sofia Riccardi, Vinicius Torres Machado, Vitória Fava

Cultura é resistência!

a Santa Companhia de Teatro esteve hoje na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) para apresentar sua peça “Cora Primavera” à XIII Turma do Curso LGBT Sem Terra. Post na página oficial do MST